sexta-feira, 29 de abril de 2016

"CONCURSO LITERÁRIO 25 DE ABRIL - LIBERDADE"
 PROMOVIDO PELA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE VALONGO

No nosso Agrupamento foi vencedora a aluna Taynah Fernandes dos Santos  do 6ºA

Todos os dias tinha de ir para a escola ao início da tarde e sair por volta das dezasseis horas e meia. Aprendia muitas coisas e tinha a obrigação de as saber de cor e salteado se não queria levar uma reguada nas minhas mãos. Via muitas vezes as minhas colegas sofrerem esse castigo e quando desviava os meus olhos para as suas mãos, podia reparar na pele, antes muito branca, depois num estado deplorável de vários tons de vermelho marcados pela forma retangular do objeto que a professora segurava nas suas “garras. “Velha chata!” pensava eu muitas vezes, mas nunca tive a coragem para o dizer.
Estava mais uma vez naquela sala, rodeada pelas várias crianças da minha idade e também pela “velha chata” que tagarelava sobre algo a que eu não prestava atenção.
- Clara, podes repetir o que eu estava a dizer?
Não respondi e logo senti aquela dor agonizante nos meus finos dedos, e lágrimas de dor que teimavam em cair dos meus olhos, enquanto olhava assustada para as pedras negras a que chamam de olhos naquela mulher.
- Quero um relatório completo sobre o Sr. Doutor Marcelo Caetano! - ordenou -Tens até amanhã!
Felizmente era o toque do final das aulas daquele dia, e todas começaram a sair animadas para a rua enquanto eu ficava a escrever. Quando terminei, os últimos raios de sol eram ainda visíveis e iluminavam ainda o chão. Comecei a caminhar desinteressada no que acontecia à minha volta, pensando na palavra proibida de se dizer nas ruas ou seríamos apanhados pela PIDE. Quando dei por mim já estava na minha pequena e humilde casa.
E de repente, era 25 de Abril! Algo de estranho se passava. Os meus olhos não queriam acreditar no que viam, todos festejavam em grande alegria gritando a palavra proibida “Liberdade” e vários militares desfilavam com cravos nas suas armas.”Não à ditadura e sim à democracia” gritavam alguns e finalmente todo o país se encheu de cor e amor, uma canção ecoou por entre a população com sorrisos rasgados estampados nas faces. Era o fim do terror que vivêramos e o início de uma nova oportunidade!
Gaivota

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